domingo, 17 de fevereiro de 2013

Da agricultura ao trabalho no porto


TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

Dedicado, Eduardo Miranda não disfarça a alegria ao narrar os acontecimentos que vivenciou em dez anos


No Pecém, Eduardo Miranda supervisiona o trabalho de dez funcionários de uma empresa que trabalha como operadora do Porto FOTO: ALEX COSTA

No pátio que recebe os contêineres trazidos pelos navios, dez funcionários de uma empresa que trabalha como operadora no Porto do Pecém se preparam para transportar a carga recém-chegada. O grupo é supervisionado por um homem que, embora se mostre sempre simpático, costuma falar pouco com quem não tem intimidade. "É porque eu sou meio calado assim mesmo". Apesar da timidez, Eduardo Miranda, de 35 anos, não consegue disfarçar a alegria ao narrar os acontecimentos que vivenciou nos últimos dez anos.

Uma década atrás, em vez do capacete e demais equipamentos de segurança aos quais já se habituou a utilizar diariamente, Eduardo costumava levar ao trabalho pouco mais do que uma enxada. À época, quando morava em Várzea Alegre, onde nasceu, era a partir da agricultura, plantando sobretudo arroz, milho e feijão, que garantia o sustento da família. "A gente trabalhava os seis meses do inverno. Na seca, a gente tinha que vender o que tinha para comprar alguma coisa para casa".

Oportunidades

Aos 26 anos, casado e com duas filhas, soube, através de um primo, que havia uma vaga para repositor em um mercantil no Pecém. Decidido a mudar de vida, Eduardo usou parte das economias que conseguira juntar e comprou uma passagem para São Gonçalo do Amarante. "Eu gosto de arriscar. Às vezes a gente não pode se preocupar muito com as consequências".

Nova empreitada

No mesmo dia em que chegou ao Pecém, foi entrevistado para o emprego no mercantil. No dia seguinte, começou a trabalhar. Depois de três meses, conseguiu dinheiro suficiente para trazer a mulher e as filhas para morar com ele. Aquele primeiro ano, relata, foi o mais difícil. "Você com uma mulher e filhos e pagando aluguel, água e luz com um salário mínimo".

Apesar da melhora na qualidade de vida, esforçou-se para continuar progredindo. Após cerca de um ano no mercantil, Eduardo conseguiu, através do Sine/IDT, um novo emprego, como capataz, em uma das operadoras que atuavam no Porto do Pecém. Trabalhou como capataz durante cerca de um ano e meio, até mudar de empresa e, seis meses depois, ser promovido a conferente.

Dois anos depois, foi promovido mais uma vez, para coordenador. Atualmente, em novo cargo, supervisiona as atividades realizadas pela empresa no pátio do porto. Ao fim de cada mês, recebe, em média, entre R$ 1.900 e R$ 2.600, variando conforme a quantidade de horas extras trabalhadas.

Avanços

Se mudou de função diversas vezes, conservou o desejo de continuar progredindo. Eduardo pretende continuar se profissionalizando para alcançar postos mais altos, mas pretende permanecer no porto.

Estímulo

O avanço que projeta para si mesmo se estende para antigos companheiros que também buscam uma oportunidade de mudar de vida. Sempre que possível, Eduardo chama trabalhadores de Várzea Alegre que, assim como ele fez dez anos atrás, pretendem mudar de vida.

Depois de todo o esforço para conseguir alcançar a posição conquistada, o supervisor também se preocupa em facilitar a chegada de novos trabalhadores, oferecendo-se para ajudar a cobrir, no primeiro mês, despesas como a passagem e o aluguel.

Colaboração

"Quando eu vim, eu não tinha quem pagasse minha passagem, meu aluguel", relata. Nos últimos anos, já ajudou a contratar cerca 15 pessoas de Várzea Alegre interessadas. "O pessoal de lá, quando vem, é interessado, é para trabalhar mesmo", comenta Eduardo Miranda. (JM)

Fonte: Diário do Nordeste

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